About 25 Abril

Música, artes e literatura moldaram a luta pela liberdade em Portugal ao longo da história e nos deram a liberdade. A primeiro senha transmitida com Paulo de Carvalo ao entoar “E depois do adeus” iniciava-se o caminha da revolução. Marcado pela Segunda senha a música popular portuguesa, “Grândola, Vila Morena” de Zeca Afonso, desempenhou um papel crucial durante a Revolução dos Cravos, simbolizando a resistência à ditadura e a busca pela liberdade.

Nomes como Fernando Pessoa e José Saramago, explorou temas de liberdade, identidade e resistência, deixando um legado duradouro na cultura de Portugal. Estas expressões artísticas não apenas representam a coragem e determinação do povo português na busca pela liberdade, mas também influenciam a identidade cultural de Portugal até os dias de hoje. 25 d’Abril liberdade sempre.

Personagens do 25

"E Depois do Adeus"

PauloDCarvalho

Paulo de Carvalho

🎵 Cantigas do Maio

Quis saber quem souO que faço aquiQuem me abandonouDe quem me esqueciPerguntei por mimQuis saber de nósMas o marNão me trazTua voz
Em silêncio, amorEm tristeza enfimEu te sinto, em florEu te sofro, em mimEu te lembro, assimPartir é morrerComo amarÉ ganharE perder
Tu vieste em florEu te desfolheiTu te deste em amorEu nada te deiEm teu corpo, amorEu adormeciMorri neleE ao morrerRenasci
E depois do amorE depois de nósO dizer adeusO ficarmos sósTeu lugar a maisTua ausência em mimTua pazQue perdiMinha dor que aprendiDe novo vieste em florTe desfolhei
E depois do amorE depois de nósO adeusO ficamos sós
La la la la la laLa la la la la laLa la la la la laLa la la la la la

"Grândola Vila M."

JoseAfonso

José Afonso

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

"Somos Livres"

ErmelindaDuarte

Ermilinda Duarte

Ontem apenasFomos a voz sufocadaDum povo a dizer: "Não quero"Fomos os bobos do reiMastigando desespero
Ontem apenasFomos um povo a chorarNa sarjeta dos que, à forçaUltrajaram e venderamEsta terra hoje nossa(Esta terra hoje nossa)
Uma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marUma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marComo ela, somos livresSomos livres de voarComo ela, somos livresSomos livres de voar
Uma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerUma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerComo ela, somos livresSomos livres de crescerComo ela, somos livresSomos livres de crescer
Uma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterUma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterComo ela, somos livresSomos livres de dizerComo ela, somos livresSomos livres de dizer
Somos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrás

"Liberdade"

SergioGodinho

Sérgio Godinho

A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoA paz, o pãoHabitação, saúde e educação
A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoA paz, o pãoHabitação, saúde e educação
Viemos com o peso do passado e da sementeEsperar tantos anos torna tudo mais urgenteE a sede de uma espera só se estanca na torrenteE a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela caladaSó se pode querer tudo quando não se teve a nadaSó quer a vida cheia quem teve a vida paradaSó quer a vida cheia quem teve a vida parada
Ai, só há liberdade a sérioQuando houver
A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoSó há liberdade a sério quando houverLiberdade de mudar e decidirQuando pertencer ao povo o que o povo produzirE quando pertencer ao povo o que o povo produzir
Viemos com o peso do passado e da sementeEsperar tantos anos torna tudo mais urgenteE a sede de uma espera só se estanca na torrenteE a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela caladaSó se pode querer tudo quando não se teve a nadaSó quer a vida cheia quem teve a vida paradaSó quer a vida cheia quem teve a vida parada
Ai, só há liberdade a sérioQuando houver
A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoSó há liberdade a sério quando houverLiberdade de mudar e decidirQuando pertencer ao povo o que o povo produzirQuando pertencer ao povo o que o povo produzir
A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoA paz, o pãoHabitação, saúde, educação
A paz, o pãoHabitação, saúde, educaçãoA paz, o pãoHabitação, saúde e educação
Viemos com o peso do passado e da sementeEsperar tantos anos torna tudo mais urgenteE a sede de uma espera só se estanca na torrenteE a sede de uma espera só se estanca na torrente
Ai, só há liberdade a sérioQuando houver
A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoSó há liberdade a sério quando houverLiberdade de mudar e decidirQuando pertencer ao povo o que o povo produzirQuando pertencer ao povo o que o povo produzir
A paz, o pãoHabitação, saúde e educação

"O Povo Unido"

LuisCilas

Luís Cílias

De pé, cantar, que vamos triunfar

Avançam já bandeiras de unidade

Já vão crescendo brados de vitória

E tu verás teu canto e bandeira, florescer

A luz de um rubro amanhecer,

Milhões de braços fazendo a nova história.

 

De pé, marchar, que o povo vai triunfar

Agora já ninguém nos vencerá

Nada pode quebrar nossa vontade

E num clamor mil vozes de combate nascerão

Dirão, canção de liberdade;

Será melhor a vida que virá.

 

E agora, o povo ergue-se e luta

Com voz de gigante, gritando avante

 

O povo unido jamais será vencido…

 

O povo está forjando a unidade

De norte a sul, na mina e no trigal

Somos do campo, da aldeia e da cidade

Lutamos unidos pelo nosso ideal, sulcando

Rios de luz, paz e fraternidade

Aurora rubra serás realidade

 

De pé, cantar, que o povo vai triunfar

Milhões de punhos impõem a verdade

De aço são, ardente batalhão

E as suas mãos levando a justiça e a razão

Mulher, com fogo e com valor

Estás aqui junto ao trabalhador.

E agora, o povo ergue-se e luta

Com voz de gigante, gritando avante

O povo unido jamais será vencido…

"Madrugada"

DuarteMendes

Duarte Mendes

Dos que morreram sem saber porquê
Dos que teimaram em silêncio e frio
Da força nascida no medo
E a raiva à solta manhã cedo
Fazem-se as margens do meu rio.

Das cicatrizes do meu chão antigo
E da memória do meu sangue em fogo
Da escuridão a abrir em cor
Do braço dado e a arma flor
Fazem-se as margens do meu povo

Canta-se a gente que a si mesma se descobre
E acorda vozes arraiais
Canta-se a terra que a si mesma se devolve
Que o canto assim nunca é demais

Em cada veia o sangue espera a vez
Em cada fala se persegue o dia
E assim se aprendem as marés
Assim se cresce e ganha pé
Rompe a canção que não havia

Acordem luzes nos umbrais que a tarde cega
Acordem vozes e arraiais
Cantem despertos na manhã que a noite entrega
Que o canto assim nunca é demais

Cantem marés por essas praias de sargaços
Acordem vozes, arraiais
Corram descalços rente ao cais, abram abraços
Que o canto assim nunca é demais
O canto assim nunca é demais

"Pedra Filosofal"

Manuel Freire

Manuel Freire

Eles não sabem que o sonhoÉ uma constante da vidaTão concreta e definidaComo outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzentaEm que me sento e descansoComo este ribeiro mansoEm serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altosQue em verde e oiro se agitamComo estas aves que gritamEm bebedeiras de azul
Eles não sabem que o sonhoÉ vinho, é espuma, é fermentoBichinho a lacre e sedentoDe focinho pontiagudoNo perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonhoÉ tela, é cor, é pincelBase, fuste ou capitelArco em ogiva, vitral,Pináculo de catedral,Contraponto, sinfonia,Máscara grega, magia,Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distanteRosa dos ventos, infanteCaravela quinhentistaQue é cabo da boa esperança
Ouro, canela, marfimFlorete de espadachimBastidor, passo de dançaColumbina e arlequim
Passarola voadoraPara-raios, locomotivaBarco de proa festivaAlto forno, geradora
Cisão do átomo, radarUltrassom, televisãoDesembarque em foguetãoNa superfície lunar
Eles não sabem nem sonhamQue o sonho comanda a vidaE que sempre que o homem sonhaO mundo pula e avançaComo bola coloridaEntre as mãos de uma criança(La la la ra la ra ra )

"Trova do Vento"

Adriano-Correio-de-Oliveira-1200x900

Adriano Oliveira

Pergunto ao vento que passaNotícias do meu paísE o vento cala a desgraçaO vento nada me diz.O vento nada me diz.
La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la,La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la.La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la,La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la.
Pergunto aos rios que levamTanto sonho à flor das águasE os rios não me sossegamLevam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoasAi rios do meu paísMinha pátria à flor das águasPara onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhasPede notícias e dizAo trevo de quatro folhasQue morro por meu país.
Pergunto à gente que passaPor que vai de olhos no chão.Silêncio -- é tudo o que temQuem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramosDireitos e ao céu voltados.E a quem gosta de ter amosVi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nadaNinguém diz nada de novo.Vi minha pátria pregadaNos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margemDos rios que vão pró marComo quem ama a viagemMas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir(Minha pátria à flor das águas)Vi minha pátria florir(Verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignoradaE fale pátria em teu nome.Eu vi-te crucificadaNos braços negros da fome.
E o vento não me diz nadaSó o silêncio persiste.Vi minha pátria paradaà Beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novoSe notícias vou pedindoNas mãos vazias do povoVi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentroDos homens do meu país.Peço notícias ao ventoE o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevoLiberdade quatro sílabas.Não sabem ler é verdadeAqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeiaDentro da própria desgraçaHá sempre alguém que semeiaCanções no vento que passa.
Mesmo na noite mais tristeEm tempo de servidãoHá sempre alguém que resisteHá sempre alguém que diz não.

forbidden literature until 25

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"Os Maias"

EcaQueiroz_V1

Eça de Queiroz

Ontem apenasFomos a voz sufocadaDum povo a dizer: "Não quero"Fomos os bobos do reiMastigando desespero
Ontem apenasFomos um povo a chorarNa sarjeta dos que, à forçaUltrajaram e venderamEsta terra hoje nossa(Esta terra hoje nossa)
Uma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marUma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marComo ela, somos livresSomos livres de voarComo ela, somos livresSomos livres de voar
Uma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerUma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerComo ela, somos livresSomos livres de crescerComo ela, somos livresSomos livres de crescer
Uma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterUma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterComo ela, somos livresSomos livres de dizerComo ela, somos livresSomos livres de dizer
Somos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrás

"O Primo Basílio"

EcaQueiroz_V1

Eça de Queiroz

Ontem apenasFomos a voz sufocadaDum povo a dizer: "Não quero"Fomos os bobos do reiMastigando desespero
Ontem apenasFomos um povo a chorarNa sarjeta dos que, à forçaUltrajaram e venderamEsta terra hoje nossa(Esta terra hoje nossa)
Uma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marUma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marComo ela, somos livresSomos livres de voarComo ela, somos livresSomos livres de voar
Uma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerUma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerComo ela, somos livresSomos livres de crescerComo ela, somos livresSomos livres de crescer
Uma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterUma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterComo ela, somos livresSomos livres de dizerComo ela, somos livresSomos livres de dizer
Somos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrás

"Sinais do Fogo"

JorgeSena

Jorge Sena

Ontem apenasFomos a voz sufocadaDum povo a dizer: "Não quero"Fomos os bobos do reiMastigando desespero
Ontem apenasFomos um povo a chorarNa sarjeta dos que, à forçaUltrajaram e venderamEsta terra hoje nossa(Esta terra hoje nossa)
Uma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marUma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marComo ela, somos livresSomos livres de voarComo ela, somos livresSomos livres de voar
Uma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerUma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerComo ela, somos livresSomos livres de crescerComo ela, somos livresSomos livres de crescer
Uma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterUma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterComo ela, somos livresSomos livres de dizerComo ela, somos livresSomos livres de dizer
Somos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrás

"Memorial convento"

JoseSaramago

José Saramago

Ontem apenasFomos a voz sufocadaDum povo a dizer: "Não quero"Fomos os bobos do reiMastigando desespero
Ontem apenasFomos um povo a chorarNa sarjeta dos que, à forçaUltrajaram e venderamEsta terra hoje nossa(Esta terra hoje nossa)
Uma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marUma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marComo ela, somos livresSomos livres de voarComo ela, somos livresSomos livres de voar
Uma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerUma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerComo ela, somos livresSomos livres de crescerComo ela, somos livresSomos livres de crescer
Uma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterUma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterComo ela, somos livresSomos livres de dizerComo ela, somos livresSomos livres de dizer
Somos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrás

"Os Maias"

EcaQueiroz_V1

Eça de Queiroz

"Era um dia de abril, de 1875, uma tarde clara, morna, de um sol que começava a aquecer. No Ramalhete, a família Maia vivia, então, um momento de tranquilidade. Afonso da Maia, o avô, estava sentado na sala de visitas, lendo um jornal, enquanto Carlos, seu neto, acabava de almoçar e se preparava para sair..."

"Livro do Desassossego"

fernando-pessoa

Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo..."

"O Ano da Morte de Ricardo Reis"

JoseSaramago

José Saramago

"Ainda que os outros não me entendam, ainda que outros me neguem, eu me afirmo, porque sei que a verdade existe e está em mim..."

"Os Maias" de Eça de Queirós

"Memorial do Convento" de José Saramago

"O Primo Basílio" de Eça de Queirós

"Os Maias" de Eça de Queirós

"Memorial do Convento" de José Saramago

"O Primo Basílio" de Eça de Queirós

"Os Maias" de Eça de Queirós

"Memorial do Convento" de José Saramago

"O Primo Basílio" de Eça de Queirós

"Somos Livres"

ErmelindaDuarte

Ermilinda Duarte

Ontem apenasFomos a voz sufocadaDum povo a dizer: "Não quero"Fomos os bobos do reiMastigando desespero
Ontem apenasFomos um povo a chorarNa sarjeta dos que, à forçaUltrajaram e venderamEsta terra hoje nossa(Esta terra hoje nossa)
Uma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marUma gaivota voava, voavaAsas de vento, coração de marComo ela, somos livresSomos livres de voarComo ela, somos livresSomos livres de voar
Uma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerUma papoila crescia, cresciaGrito vermelho, num campo qualquerComo ela, somos livresSomos livres de crescerComo ela, somos livresSomos livres de crescer
Uma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterUma criança dizia, diziaQuando for grande, não vou combaterComo ela, somos livresSomos livres de dizerComo ela, somos livresSomos livres de dizer
Somos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos um povo que cerra fileirasParte à conquista do pão e da pazSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrásSomos livres, somos livresNão voltaremos atrás

"Liberdade"

SergioGodinho

Sérgio Godinho

A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoA paz, o pãoHabitação, saúde e educação
A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoA paz, o pãoHabitação, saúde e educação
Viemos com o peso do passado e da sementeEsperar tantos anos torna tudo mais urgenteE a sede de uma espera só se estanca na torrenteE a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela caladaSó se pode querer tudo quando não se teve a nadaSó quer a vida cheia quem teve a vida paradaSó quer a vida cheia quem teve a vida parada
Ai, só há liberdade a sérioQuando houver
A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoSó há liberdade a sério quando houverLiberdade de mudar e decidirQuando pertencer ao povo o que o povo produzirE quando pertencer ao povo o que o povo produzir
Viemos com o peso do passado e da sementeEsperar tantos anos torna tudo mais urgenteE a sede de uma espera só se estanca na torrenteE a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela caladaSó se pode querer tudo quando não se teve a nadaSó quer a vida cheia quem teve a vida paradaSó quer a vida cheia quem teve a vida parada
Ai, só há liberdade a sérioQuando houver
A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoSó há liberdade a sério quando houverLiberdade de mudar e decidirQuando pertencer ao povo o que o povo produzirQuando pertencer ao povo o que o povo produzir
A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoA paz, o pãoHabitação, saúde, educação
A paz, o pãoHabitação, saúde, educaçãoA paz, o pãoHabitação, saúde e educação
Viemos com o peso do passado e da sementeEsperar tantos anos torna tudo mais urgenteE a sede de uma espera só se estanca na torrenteE a sede de uma espera só se estanca na torrente
Ai, só há liberdade a sérioQuando houver
A paz, o pãoHabitação, saúde e educaçãoSó há liberdade a sério quando houverLiberdade de mudar e decidirQuando pertencer ao povo o que o povo produzirQuando pertencer ao povo o que o povo produzir
A paz, o pãoHabitação, saúde e educação

"Madrugada"

DuarteMendes

Duarte Mendes

Dos que morreram sem saber porquê
Dos que teimaram em silêncio e frio
Da força nascida no medo
E a raiva à solta manhã cedo
Fazem-se as margens do meu rio.

Das cicatrizes do meu chão antigo
E da memória do meu sangue em fogo
Da escuridão a abrir em cor
Do braço dado e a arma flor
Fazem-se as margens do meu povo

Canta-se a gente que a si mesma se descobre
E acorda vozes arraiais
Canta-se a terra que a si mesma se devolve
Que o canto assim nunca é demais

Em cada veia o sangue espera a vez
Em cada fala se persegue o dia
E assim se aprendem as marés
Assim se cresce e ganha pé
Rompe a canção que não havia

Acordem luzes nos umbrais que a tarde cega
Acordem vozes e arraiais
Cantem despertos na manhã que a noite entrega
Que o canto assim nunca é demais

Cantem marés por essas praias de sargaços
Acordem vozes, arraiais
Corram descalços rente ao cais, abram abraços
Que o canto assim nunca é demais
O canto assim nunca é demais